Viagens Internacionais de Lula no 3º Mandato: Um Balanço de 106 Dias Fora do País

Wagner Schneider
By Wagner Schneider

O terceiro mandato do presidente brasileiro tem sido marcado por uma intensa agenda internacional. Desde que assumiu o cargo novamente, Lula esteve fora do Brasil por 106 dias, consolidando uma atuação diplomática ativa e ambiciosa. Esse número revela mais do que simples compromissos protocolares: trata-se de uma estratégia clara para reposicionar o país no cenário global, após um período de certo isolamento. A retomada de laços com parceiros tradicionais e a busca por novas alianças tem sido um dos pilares da atual política externa.

Ao observar os principais destinos e eventos dos quais o presidente participou, é possível identificar um esforço deliberado para reconstruir pontes com países da América Latina, Europa, Ásia e África. Essa postura visa fortalecer acordos comerciais, cooperações multilaterais e impulsionar a imagem do Brasil como um ator confiável nas grandes questões globais, como mudanças climáticas, democracia e economia sustentável. O investimento em presença física em fóruns internacionais demonstra a prioridade dada à diplomacia presidencial.

Os 106 dias de viagens indicam um ritmo elevado de compromissos fora das fronteiras brasileiras. Embora possa haver críticas quanto ao tempo distante do território nacional, o argumento do governo é de que tais ausências são compensadas por ganhos geopolíticos e econômicos. Estar presente em cúpulas de relevância global pode garantir protagonismo e influência nas decisões que impactam o país direta ou indiretamente. Além disso, a diplomacia pessoal do presidente tem sido uma marca registrada de sua atuação internacional.

Há uma evidente tentativa de reposicionar o Brasil como líder regional e como voz ativa do Sul Global. Lula tem defendido uma reforma em organismos internacionais, maior representatividade dos países em desenvolvimento e maior equidade nas relações econômicas. Suas falas e encontros bilaterais refletem esse compromisso, e a frequência de suas viagens sugere uma confiança de que a diplomacia presencial é uma ferramenta eficaz para alcançar tais metas. O simbolismo dessas viagens também não pode ser ignorado.

Por outro lado, a longa permanência fora do país levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre a presença internacional e a atenção às demandas internas. Enquanto se valoriza a imagem do Brasil no exterior, setores da sociedade pedem mais foco em temas domésticos urgentes como economia, saúde e segurança pública. Essa tensão é comum em governos que priorizam uma agenda internacional robusta, e o desafio está em comunicar claramente à população os benefícios concretos obtidos com essas viagens.

É necessário considerar ainda o impacto financeiro e logístico de manter uma comitiva presidencial em deslocamento por tantos dias. Embora viagens de Estado sejam parte natural da função presidencial, o custo e os resultados devem ser avaliados com transparência. O governo alega que os acordos firmados e as oportunidades abertas superam os gastos envolvidos. No entanto, manter o apoio popular exige que esses ganhos sejam percebidos de forma clara por diferentes camadas da sociedade.

Outro ponto importante é o efeito dessas viagens na política interna. A ausência prolongada pode influenciar negociações com o Congresso, articulações políticas e decisões administrativas. Mesmo com uma equipe estruturada, a figura do presidente ainda é central em momentos de crise ou decisões estratégicas. A capacidade de manter a governabilidade enquanto se está fora exige planejamento e sintonia com os ministros e líderes partidários.

O balanço de 106 dias fora do Brasil, no entanto, mostra que o governo está disposto a correr riscos em nome de uma política externa ativa e ambiciosa. A aposta está em colher frutos no médio e longo prazo, reposicionando o país no tabuleiro mundial. Resta saber se esse investimento constante na diplomacia internacional trará os resultados esperados e se a sociedade brasileira perceberá esses ganhos de forma tangível no seu cotidiano.

Autor : Wagner Schneider

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